Sumário
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Desde criança, Cazuza já mostrava um talento inato para escrever belas poesias. No entanto, ele mantinha suas criações escondidas, compartilhando-as apenas com sua avó materna, Alice, a quem ele carinhosamente chamava de “Vó Alice”. Esse hábito de esconder seus escritos tinha uma razão: Cazuza, o adolescente rebelde, temia que o lado romântico e sensível revelado em suas poesias não se encaixasse na imagem que ele tentava projetar para o mundo. Acompanheeste artigo, e conheça a história da música poema.
O Vínculo com Vó Alice
Cazuza conviveu com sua avó materna dos três aos quinze anos e, segundo sua mãe, Lucinha Araújo, a ligação entre os dois era extremamente forte. Vó Alice não morreu tão velha, mas sua partida, em 1975, quando Cazuza tinha apenas 17 anos, foi um golpe duro para ele. Ela era sua confidente, sua maior apoiadora, e a perda foi sentida profundamente.
Após a morte da avó, Lucinha encontrou um poema que Cazuza havia escrito em homenagem a Alice. Embora a homenagem nunca tenha sido musicada, Lucinha gostou tanto do texto que decidiu mandá-lo confeccionar em bronze e o colocou no túmulo de Dona Alice. O poema dizia:
“E você foi embora, deixou vazia a casa, O riso no álbum de fotografias e aquela imagem de Santa Rita. E eu fiquei lá fora brincando de cidade deserta, Chupando manga, pedindo um beijo. E agora é a velha história: Você virou saudade daqueles tempos de carochinha, Daquela vida que eu inventei, Daquela reza que decorei. Agora eu vou vivendo, E no mundo sim, sonho, lenda. E só de noite, quando me lembro, Eu sinto um troço no meu peito e durmo, Seu neto.”
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A Poesia Guardada em Segredo – A História da Música Poema
Ainda em 1975, a avó paterna de Cazuza, Maria José, fez um pedido especial ao neto: ela queria que ele escrevesse uma poesia para ela também, mas com uma condição – que ele o fizesse em vida, não esperando pela sua morte para a homenagem. Cazuza atendeu ao pedido e entregou-lhe uma poesia. Maria José, no entanto, manteve o conteúdo da poesia em segredo até sua própria morte, considerando-a um presente pessoal que só ela deveria conhecer.
Quando Maria José faleceu, as tias de Cazuza perguntaram a Lucinha se ela gostaria de guardar algum objeto como lembrança da sogra. Lucinha optou por ficar com algumas fotos e discos autografados pelo filho. Junto com essas lembranças, veio a poesia que Cazuza havia escrito para a avó. Lucinha, emocionada, decidiu publicar o texto inédito do filho em um jornal.
A História da Música Poema – A Transformação em Música
Após a publicação, Lucinha convidou Roberto Frejat, um dos parceiros musicais mais próximos de Cazuza, para transformar o poema em música. Frejat aceitou prontamente, e ambos concordaram que a interpretação deveria ser feita por Ney Matogrosso, um dos grandes amigos de Cazuza. A música, intitulada “Poema”, tornou-se um grande sucesso e é uma das faixas de Ney Matogrosso mais executadas até hoje.
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A História da Música Poema : Analisando a Letra
A letra da música “Poema” é uma tocante homenagem à relação de Cazuza com sua avó e descreve a sensação de perda e saudade que ele sentia.
Cazuza expressa poeticamente como se lembrava das ocasiões em que tinha pesadelos à noite e era consolado pela avó.
“Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, A tempo eu acordei com medo e procurei no escuro alguém com seu carinho e lembrei de um tempo.”
O trecho seguinte reflete a nostalgia da infância e a segurança que ele sentia nos braços carinhosos da avó:
“Porque o passado me traz uma lembrança do tempo que eu era criança, E o medo era motivo de choro, desculpa para um abraço, um consolo.”
A partir deste trecho, ele descreve como, mesmo após crescer, as memórias do carinho e do apoio da avó continuavam a confortá-lo:
“Hoje eu acordei com medo, mas não chorei nem reclamei abrigo. Do escuro eu via um infinito sem presente, passado ou futuro.”
Cazuza reconhece que, embora já não fosse mais uma criança, a segurança e o carinho que recebeu da avó continuavam presentes dentro dele, ajudando-o a enfrentar seus medos de forma mais madura:
“Senti um abraço forte, já não era medo, E era uma coisa sua que ficou em mim e que não tem fim.”
A canção termina com uma reflexão sobre o amadurecimento e a inevitável perda de certa inocência e simplicidade ao longo do caminho da vida:
“De repente a gente vê que perdeu e está perdendo alguma coisa morna e ingênua, Que vai ficando no caminho, que é escuro e frio, mas também bonito, Porque é iluminado pela beleza do que aconteceu há minutos atrás.”
O Legado dos textos de Cazuza
Os textos de Cazuza, refletem um lado profundamente sensível e romântico de sua personalidade, em contraste com a imagem rebelde que ele costumava projetar. A história por trás de suas poesias revela a complexidade de seus sentimentos e a importância das figuras maternas em sua vida.
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A Influência de Cazuza na Música Brasileira
Cazuza foi uma das figuras mais emblemáticas da música brasileira, especialmente no movimento do rock nacional dos anos 80. Sua carreira começou a ganhar destaque como vocalista da banda Barão Vermelho, com quem gravou clássicos como “Pro Dia Nascer Feliz” e “Bete Balanço”. Suas letras, carregadas de emoções intensas e críticas sociais, conquistaram uma legião de fãs.
Após deixar o Barão Vermelho, Cazuza embarcou em uma bem-sucedida carreira solo, onde consolidou seu estilo único e sua habilidade de mesclar poesia e música. Canções como “Exagerado”, “O Tempo Não Para” e “Codinome Beija-Flor” tornaram-se hinos para uma geração, refletindo tanto a efervescência cultural da época quanto os dilemas pessoais e sociais que ele enfrentava.
O Impacto Cultural e Pessoal
A homenagem a suas avós mostra como o amor e o carinho familiares foram fundamentais na formação do artista. Essas histórias, traduzidas em música, continuam a tocar os corações de muitos, mostrando que, apesar da imagem pública, todos nós temos nossas vulnerabilidades e sentimentos profundos.
Cazuza, com sua arte, conseguiu eternizar suas emoções e memórias, criando um legado que vai além da música e da poesia, tocando em aspectos universais da experiência humana, como a saudade, o amor e a importância dos vínculos afetivos. Suas canções e poesias permanecem vivas, inspirando novas gerações e reafirmando o poder transformador da arte.
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